Apenas 4% das mulheres do mundo consideram-se bonitas.
O que você vê quando está na frente do espelho? As primeiras rugas, dentes tortinhos, uma espinha nova, a maldita celulite, os quilos sobrando? Paro pra analisar enquanto escrevo o post e pela primeira vez noto que, sem dúvidas, na frente do espelho estou sempre procurando um defeito. Geralmente, nos meus melhores momentos, pra tentar corrigir e disfarçar. Mas confesso que já houveram horas mais desesperadas, onde não havia conserto e só autodepreciação. Vendo essa estatística, por mais triste que ela seja, fico achando que tem muita gente comigo. Gente que sabe o que é ver seu próprio reflexo e ficar chateada, por não ter o corpo que acredita estar dentro do padrão ideal, por não ter a proporção perfeita no rosto e por outros mil motivos que a gente inventa, dando culpa até pra coisas pequeninas como fios de cabelo ou unhas.
E não é superficialidade, é sofrimento. Já chorei por ser magra demais, por estar acima do peso, por ter sardas no rosto, por ter olhos grandes, por causa de estrias, por ser dentuça, por ter estragado o cabelo no salão, por não ter peito… por me achar um monstro. Me lembro claramente de uma vez na adolescencia ter tido uma conversa comigo mesma, na frente do espelho, me conformando que era feia como um monstro. É um sofrimento interno, que aperta o peito e sobe com o nó na garganta e as lágrimas salgadas. Hoje eu gostaria de responder para aquela menina de 13 anos que ela é linda e vai continuar sendo linda, mas será que a Lia de hoje acredita genuinamente nisso?
A frase do começo do post é de uma pesquisa feita mundialmente pela Dove, que também assina o documentario abaixo. Já vi o vídeo algumas vezes, me arrepiei, marejei os olhos, sorri e continuo refletindo sobre o que ele deixou. Gostaria muito que todas vocês assistissem.
Em “Retratos da Real Beleza” um artista especializado em retratos falados, que trabalhou por quase 30 anos no FBI, desenha 7 mulheres sem vê-las. Primeiro as mulheres se descrevem para que ele faça a ilustração conforme sua auto-descrição, sem vê-las. Depois ele as desenha novamente, com base nos relatos de um estranho que esteve 15min com uma delas. No fim temos a comparação de ambos retratos: aquele onde a mulher se auto-descreveu e aquele onde um estranho a descreveu. E a diferença é gritante e emocionante.
O vídeo mostra que a gente se vê com uma enorme distorção da realidade, que amarguramos por coisas que só nós mesmas estamos vendo. E essa baixo autoestima na maioria dos casos não é só um problema que se resolve em dias que a gente tá se sentindo melhor, em dias que a gente se arruma e gosta do que vê no espelho. O conflito interior é tão grande que reflete em diversos aspectos da vida: deixar de lutar por um sonho, escolher um emprego diferente do que você gostaria, deixar uma paixão ir embora, a maneira como você se relaciona com pessoas no dia-a-dia, seu humor… Mesmo sem se dar conta você pode ter deixado de fazer muitas coisas por se enxergar de maneira deformada. Se ver como uma pessoa bonita vai muito além de querer despertar atração alheia, tem a ver com aceitação, com se encaixar na sociedade.
Agora que você assistiu, quero que você pense nisso tudo. Pare de cultuar um ideal de beleza inventado e inatingível. Amanhã você vai acordar, tomar banho e se olhar no espelho. Só que dessa vez, não vai focar nos defeitos. O que você mais gosta em você? A lista está pequena, aumente! Coloque mais coisas, pense com mais carinho. Você é linda. Todos te enxergam sendo linda e são esses motivos que você tem que valorizar. É um desafio diário que estou propondo, não é fácil, é complexo e profundo. Mas só você pode mudar. Espero que este post e este filme lhe inspirem a rever sua beleza.