Queria entender quando foi que ficar medindo o corpo alheio deixou de ser falta de educação. Acho que quando a gente tem um(a) amigo(a) que está publicamente de dieta ou adora falar sobre sua malhação, convém comentar sobre o corpo da pessoa. Ela deu liberdade, entende? Fora isso, acho tão sem classe, abusado, invasivo! De tempos em tempos sinto necessidade de interromper o post-nosso-de-todo-dia pra alguma discussão-desabafo. A de hoje pode atingir muitas de vocês, mas todo debate é valido e pode acrescentar aos lados envolvidos.
Tenho lido muito “você emagreceu, tá linda!” No Instagram e me vem na cabeça sempre a mesma coisa: “e por acaso antes eu estava feia?”. E então quando a pessoa acha que magra é sinônimo de bonita? GATAAAA MAGRAAAA LINDAAAA!!! Isso é o que mais tem… Nem preciso dizer que isso não faz nenhum sentido, já que tenho conheço gordas mais bonitas que magras. Que preguiça, me recuso a aceitar isso como conceito de elogio.
Há muito tempo atrás, enquanto eu dava um piti pelo Twitter uma amiga inventou a hashtag #fiquecalmalia. E do “fique calma” foram surgindo variações, todas em tom de brincadeira, incluindo um #fiquemagralia pra toda vez que eu postasse uma foto de comida bem deliciosa. A graça era a ironia e meu erro foi usar a polêmica palavrinha “magra” e assim, acabar com minha própria graça. Hoje tem gente que me parabeniza “ei Lia, seu #fiquemagra funcionou!”. Meu Deus, inventaram um projeto saudável pra mim. NÃÃÃÃÃOOOO!
Nesses últimos meses foram 7.387.907 pessoas inconvenientes contra 1 (exatamente uma!) que me perguntou sobre a minha saúde nessa perda de peso. Eu não era encanada, mas agora cada quilo ganho eu lembro dessas QUERIDONAS e me acho meio bosta. Obrigada por controlar o meu peso, vigias da internet! Vou mandar a conta do terapeuta pra vocês.
Nesse momento o mundo está vivendo uma transformação de voltar a olhar para tudo o que é natural, de fazer uma busca por um lifestyle saudável. Uma tendência mundial, coisa grande. Desde a marca que resolveu se reestruturar pra ser eco até as pessoas que agora estão aprendendo coisas como comer corretamente. Isso tudo é muito legal, mas a gente sempre dá um jeitinho de estragar, né?
Quer emagrecer ou engordar? Vá ao médico, ao nutricionista. Tem muita inspiração por aí que pode perder o INS e virar piração. Tomem cuidado.
Eu fico extremamente feliz em ler histórias de evolução. Coisas como uma pessoa que tinha a auto-estima baixa, passou a se cuidar e mudou toda a vida. Por outro lado, sabe qual a impressão que mais tenho tido nessa febre de #projetos no Instagram e nos blogs? Que como hoje em dia qualquer ~pé rapado~ pode comprar a itbag parcelando e mandando importar, os novos objetos de consumo inacessíveis são o corpo alheio. É tipo assim, “tenho uma barriga sequinha, um tanquinho, e além de esfregar na sua cara (pois você não tem), vou dizer que estou precisando urgentemente malhar pois comi uma colherada da sobremesa no domingo”. Acho meio surreal, a pessoa contando que vai ao restaurante, pede a sobremesa e dá uma colherada (mas deixa o resto, claro), pois “domingo pode”.
Domingo pode à puta que te pariu! Agora é crime comer.
Vou contar pra vocês, que do mesmo jeito que acho delicioso vestir uma roupa e me sentir bonita, acho delicioso sair com o namorado e comer um doce. Só que aí vem alguém engordar por mim… “nossa, mas você não engorda?”, “engordei só de olhar!”. Pessoas aleatórias vêm colocar o peso na sua consciência, porque não basta elas serem cri-cris por elas, têm que contaminar o mundo.
Ninguém gosta de estar por perto de pessoas que preferem ressaltar o lado negativo das coisas. Em vez de fechar a boca apenas para o doce, fechem para as frases do mal e os comentários desagradáveis.
Gente, será que só eu tenho visto essas coisas? Ou todo mundo vai ficar sarado ou todo mundo vai ficar louco! Eu estou pendendo mais para a segunda opção, então achei melhor fazer o post enquanto ainda tenho capacidade! kkk